Onde está você?

Eu acordo e logo nos primeiros momentos do meu dia consigo perceber que as coisas não são como deveriam. Por que eu pensei que seria diferente? Nem sei... Talvez eu simplesmente gostaria que fosse...

Mas e então? Por que essa sensação de falta me persegue? Os minutos passam; as pessoas passam; eu também passo por elas e o silêncio me acompanha. Perco-me observando a frivolidade do comum, me calo diante da imposição do que simplesmente é ou parece ser, mas, por dentro, alguém grita em mim, é um grito desesperador... Mas tudo bem, eu consigo segurar em esse grito aqui dentro, ao menos por enquanto.

E meu dia continua, tão trivial quanto sufocante... Onde estás então? O dia corre e a rotina me engole, mas consigo perceber que sinto sua falta. Por quê? Não deveria estar aqui em algum lugar? Eles me olham como se eu fosse diferente. Não sou diferente? Deveria ser. Eles me olham buscando por uma resposta. Eu tenho a resposta? Deveria ter. Parece que todos me observam, mas ninguém me percebe. Não consigo entender mais nada. Algum dia eu entendi? Só consigo sentir a pressão esmagando meu peito; é como se eu estivesse carregando o peso da fome, da dor, da tristeza de cada uma daquelas pessoas que passaram por mim.

Por que é tão difícil? Por que não seria? Quando desisto de lutar me questiono onde está você que disse que estaria comigo todos os dias? Você falou que não me deixaria, então por que me sinto tão largada? Eu poderia gritar. Tenho vontade de gritar desesperadamente... eu não agüento, sozinha eu não agüento! Mas espera... gritar? O grito dentro de mim?! Era você? Então você estava aqui o tempo todo?! Sim. Era você! Agora tudo faz sentido. Não consigo mais deter o grito dentro de mim e ele irrompe em lágrimas. As palavras não fluem, mas as lágrimas trazem o desabafo que eu precisava; elas me lavam e derramam aos Seus pés tudo o que me sufocava.

O dia se foi e, por hoje, eu consegui voltar e te sentir comigo. Mas então eu lembro que outro dia virá; sim, outra luta, outra vez eu precisarei esconder meu desalento em teus braços. Tudo bem, porque agora eu sei que você está aqui. Sempre esteve aqui.